Durante a minha vida profissional aceitei alguns desafios que, apesar de muito legais, acabaram se tornando problemas. E não pelo desafio profissional em si, mas pelo excesso de energia mental e física que demandavam.
Só que já passei por situações que demandavam muito mais energia do que as problemáticas, e conseguia viver “rindo”. Aqui tem um componente de buscar fazer o que se gosta, mas nem sempre conseguimos notar o que acontece, pelo piloto automático que funciona dentro da nossa cabeça.
Algumas vezes optei por mudar, buscar estratégias diferentes, tentando evitar um “estouro”, uma parada forçada. Tentei amenizar. Não foi suficiente. Quando notei já estava submerso, sofrendo, vivendo uma vida buscando atingir objetivos que não eram mais meus. Falei um pouco sobre isto em uma palestra que fiz em uma conferência TEDx em Porto Alegre. Esta minha parada forçada se tornou um marco. Se tornou o início da minha jornada por buscar o desenvolvimento de autonomia, minha e das pessoas que tenho a possibilidade de trabalhar e interagir desde então.
Esse interagir, desenvolver autonomia, ajudar as pessoas a ter mais percepção sobre o seu tempo e seu estilo de vida, é o que estou fazendo com o meu livro, o #VivaSeuTempo, e todo o trabalho relacionado.
Durante a minha recuperação nesta parada forçada, me deparei com uma pergunta:
Se hoje fosse meu último dia, teria algum arrependimento?
E sinceramente quando li, parei, e ali fiquei. Não tinha chegado aos 30 anos ainda (estava com 27 anos, mais exatamente). Estava com uma carreira profissional bem interessante, fazendo muitas coisas legais, ajudando pessoas, equipes e empresas através das minhas atividades de consultoria e desenvolvimento pessoal. Estava ensinando em faculdades também. Trabalhava muito. Trabalhar muito eram 60-90 horas por semana (manhã, tarde, noite e finais de semana). E o resto? E os meus sonhos, fora os sonhos profissionais? Notei que não existia mais “Eu”. Era só o trabalho, que estava me consumindo. Estava em fuga de mim mesmo. Então era a hora de mudar. Estava desligando o piloto automático.
No dia seguinte, era o primeiro dia do resto da minha vida! A atitude mudou. E desta vez eu sabia que não queria mais voltar ao estado que estava. E sabia que precisava ajudar as pessoas a evitar isto mais ainda. Para evitar que elas tivessem o mesmo caminho que o meu. A pergunta mudou:
Eu estou acordando para fazer o que quero fazer?
Também me lembrei que apesar de muito importante querer chegar no destino, é o caminho que importa, e que precisa ser divertido, para valer a pena. Todos passamos por desafios, e por problemas, que são desafios que a gente não queria ter :-).
Em 2012 nas minhas leituras, tomei contato com o trabalho de Bronnie Ware, que em 2009 fez um artigo que ficou muito famoso, sobre arrependimentos de quem está morrendo (“Regrets of the Dying“). Bronnie teve atuação cuidando de pessoas até o final de suas vidas, e no artigo ela retrata os cinco motivos de arrependimento mais comuns entre as pessoas que ela teve a oportunidade de interagir. E ali eu tive um momento de flashback para o meu momento, lá antes dos 30 anos. No trabalho da Bronnie apareceu o seguinte:
- Eu queria ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira pra eu mesmo, não a vida que outros esperam de mim.
- Eu queria não ter trabalhado tanto.
- Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.
- Eu queria ter estado em contato com meus amigos.
- Eu queria ter me deixado ser mais feliz.
Note que são situações que a maioria de nós já viveu ou talvez até esteja vivendo!
Agora, o que nos impede de viver uma vida verdadeira, com aquilo que acreditamos? Trabalhar com propósito, e buscar um balanço entre vida, trabalho e outras áreas que queremos dar atenção na nossa vida? Colocar os amigos como parte do nosso planejamento semanal? Nos permitir socializar, trocar ideias, aprender e ter momentos de puro lazer? Nos permitir momentos de pura diversão?
Tudo isto faz parte da definição e entendimento do estilo de vida que queremos ter. Valorizar o que nos torna mais felizes e fortes para os desafios que temos. Buscar mudar aquilo que não está mais fazendo sentido no nosso dia a dia. Queremos qualidade de vida, dentro do nosso contexto.
E aí? Qual vai ser a sua pergunta amanhã, quando você acordar? Aguardo os comentários de vocês. #VivaSeuTempo!
Extras:
Artigo “Regrets of the Dying”, de Bronnie Ware.
Livro sobre o mesmo assunto, publicado por Bronnie Ware.
Vídeo do Hospital Albert Einstein, entrevistando pessoas sobre este assunto.
Música enquanto escrevia este texto? Ziggy Marley, com a música True to Myself.
Boa Daniel. De imediato me fez parar e pensar!!! Obrigado por compartilhar a experiência.
Show! Melhoria contínua é o caminho!
Tenho me deparado com o sentimento de culpa, as vezes, por estar seguindo meus passos, definidos por mim e minha família, e estar me sentindo muito feliz. Até estranho no meio de tantas reclamações cotidianas. Excelente texto!! Estar certo eh estar feliz e sempre fazendo também alguém feliz. Esse eh o meu propósito, sentir-me bem fazendo outrem se sentir também.
Oi Daniel,
Curti muito o que você compartilhou.
Tive uma situação em 2012 que me fez reavaliar muitas coisas. Já que eu não parei por vontade própria, o meu corpo me parou…. Foi duro, mas hoje vejo que foi muito importante para o meu amadurecimento pessoal e profissional…
Depois em 2013 outra mudança brusca aconteceu na minha vida profissional… Foi o famoso ter que dar 2 passos para trás para tomar impulso e saltar para o outro lado da ponte… E cara… Foi a melhor coisa que eu pude fazer. Foi ai que parei para avaliar qual é o meu propósito. Antes nunca dava tempo, porque sempre engatava uma coisa atrás da outra e o tempo simplesmente foi passando…
Sou do grupo que concorda com aquele jargão “tão importante quanto saber o que se quer é saber o que NÃO se quer”.
Gosto das suas publicações porque elas sempre nos convida a refletir e isso é importante demais. Não somos máquinas para fazer tudo no automático, então porque ficar no automático, certo?
Um beijo!
Pri
Obrigado! Legal poder ler teus comentários aqui! 🙂
E ah, hoje comecei na prática de yoga. 🙂
Depois conto mais!
Bah!
Sério???
Conte-me tudo e não me esconda nada 😛
#Namaste!!!
Aham. 🙂