Quem é responsável pela sua carreira?

As oportunidades de mercado não são as melhores. Os salários são baixos! A culpa é da instituição de ensino que me formou!

Ok, pode ser tudo verdade, mas isso não responde a pergunta.

O fato é que muitas vezes delegamos para uma instituição a responsabilidade de aprendermos algo. No caso de uma faculdade ou curso técnico que seja, nos servem como guias. Possuem um programa de capacitação e de aprendizado para nos levar de um estágio A para B, mas ele não é suficiente.

Me deparei com uma matéria no site da Info falando que as empresas estão tendo a abordagem de capacitar profissionais de TI para suprir demanda de mercado.

Em 2004 comecei a trabalhar em uma instituição de ensino, para dar aulas de programação. Só que cheguei lá não com uma cabeça de ensinar o assunto X ou Y. Cheguei com o objetivo de tornar o aprendizado o mais completo possível, para ensinar o seria mais interessante, e evitar que estes profissionais tomassem um choque do mercado. Resultado: não existia tempo suficiente para explicar tudo o que eles precisavam saber de um assunto para chegar ao mercado. E agora?

Antes de eu seguir um pouco de contexto sobre minhas atuações com aprendizado nesta época.

Na época já estava atuando com treinamento e consultoria. Também ajudando comunidades de prática, como Java (RSJUG), Delphi (DUG-RS) e Métodos Ágeis (GUMA-RS — na época ainda com o nome de XP-RS). Estas comunidades de prática tem um objetivo bem claro: desenvolver os profissionais que estudam o tópico relacionado para que sejam cada vez melhores. Este desenvolvimento ocorre não de forma professor – aluno, mas através de conhecimento que é construído em conjunto, também com palestras, mas com discussões, reflexões, CodingDojos, e promovendo novas pessoas para contribuir e colaborar com sua comunidade. Todas comunidades usavam muito do que aprendemos com a cultura OpenSource, com colaboração e cooperação.

Bom, sabendo disto, eu trabalhei a primeira disciplina e neste início, já estava percebendo os problemas dos alunos em conseguir entender alguns conceitos ou no caso não tendo tempo de praticar fora da sala de aula. Isto impactava diretamente no meu processo de ensino. Optei por usar meus sábados pela manhã para facilitar um ambiente de aprendizado dentro da instituição, mas fora do ambiente de sala de aula, para que os alunos pudessem praticar e trazer suas dúvidas.

Então, esse problema levantado em 2015, já era percebido por mim em 2004, e certamente alguém já deve ter visto em 1994.

Como resolver? Monto um top 3 do que acredito ser diferencial para apoiar a desenvolvermos um mercado de trabalho mais preparado para as demandas que vão surgir:

  1. Empresas: montem seus canais de divulgação de conhecimento. Montem algumas ações para mostrar aos possíveis novos colaboradores o que vocês buscam, e onde as pessoas podem aprender com o que vocês fazem. É o que fazemos na uMov.me, e existem muitos exemplos de empresas que geram conhecimento constantemente para a comunidade (minha referência e dica principal é a Bluesoft). E isto ocorre mesmo quando ensino é o modelo de negócio das empresas (exemplos Wildtech, AdaptWorksOpen4Education e Caelum). É compromisso em fazer o conhecimento fluir.
  2. Instituições de ensino: Desenvolvam oportunidades para que sejam desenvolvidos grupos de estudo, comunidades de prática que são geridas pelos próprios alunos. São oportunidades para os alunos poderem aprender mais sobre gestão, organização e planejamento de eventos e projetos, e principalmente para processos de colaboração e cultura opensource. E mesmo não sendo um curso de tecnologia, a dica é de algum modo colocar tecnologia no meio do caminho e ser um desenvolvedor de software.
  3. Você: aqui é o último item do top 3, mas o mais importante. Não adianta nada essas empresas todas montarem estas iniciativas, se você não busca o seu caminho de aprendizado e também de colaboração com as comunidades que tem contato. Aqui, você pode ter um blog seu, um blog com amigos, participar de alguma comunidade online ou algum grupo de usuários do local onde você mora. Oportunidades não faltam. Falta você dar o primeiro passo, caso ainda não tenha feito isso.

— Daniel Wildt (receba novidades pela minha lista)

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