O Tim Brown diz o seguinte:
“Design is everywhere, inevitably everyone is a designer,” –Tim Brown (IDEO)
Isso é suficiente para habilitar toda pessoa para funcionar como um designer?
Sim e Não. Olha a história aí. 🙂
Quando eu estava no colegial, precisava fazer uma cadeira. Era um protótipo de uma cadeira, para uma disciplina de artes. Ok, mais fácil. Não precisava ter um tamanho real. Mesmo assim, eu estava perdido, sem ideia de como fazer. Olhada cadeiras, revistas de decoração. E nada de Youtube, estamos falando de 1993. Hoje seria algum trabalho para ser feito no minecraft provavelmente.
Juntando com a procrastinação que sempre esteve comigo, faltava 1 semana para a entrega do projeto. E aí pronto, eu precisava fazer acontecer. E o contexto mais uma vez “me ajudou”. Eu estava na casa da minha avó, na cozinha, comendo um sanduíche. Dou uma olhada para o alto. Vai que alguém tenha esquecido algum protótipo de cadeira por lá. 🙂
Na volta no presente, meu olhar encontra meu avô (r.i.p.) entrando na cozinha. Ele manda um oi. Eu respondo um “é isso”!
Vou em direção ao meu avô, e pego uma pequena bandeja de madeira de cima da geladeira. E neste momento faço um olhar duplo, 🙂 pedindo permissão da minha avó para transformar a bandeja em cadeira, e ajuda para meu avô, para a execução do processo. Na época ele era muito ativo e tinha habilidades de marcenaria e sapataria.
Os dois aceitam. Sucesso. 😀
Eu não sabia cortar madeira, e ainda não sei. Eu e meu avô olhamos para a bandeja e conseguimos ver a cadeira saindo dali. Uma das alças da bandeja vira a parte do encosto da cadeira e por aí vai.
Nós dois trabalhamos juntos fazendo o enquadramento do problema, entendendo o que era a minha entrega para a disciplina, encontrando o que poderíamos fazer com os recursos disponíveis, alinhamos expectativas, criamos ideias e logo depois partimos para a prototipação.
Algumas horas depois, a cadeira estava pronta. E com essa história vem um aprendizado:
Entender a diferença entre participar do processo de design e ser um designer.
Eu não saberia operar boa parte das ferramentas que meu avô usou para cortar a madeira da bandeja e nem fazer os movimentos que ele fez. Eu destruiria a bandeja da minha avó. Eu entendi onde queria chegar depois da ideação e antes de começar os protótipos. Meu avô sabia como chegar lá. Eu aprendi coisas novas naquela tarde mas ainda assim não saberia repetir o que ele fez. Prática e maestria não vem com pura observação. Vem com a prática. Mas não tive outros projetos de cadeira na disciplina.
Hoje em dia, eu tenho diversas habilidades que podem ser usadas dentro de um processo de design, mas certas habilidades preciso que outras pessoas do meu time tragam e assim o ciclo fica completo. Então voltando ao título, faça um exercício para entender em que partes do processo de design você pode facilitar, quais você é um expectador e quais você está em desenvolvimento. Ter essa consciência é muito importante.
E fechando com Tim Brown também, deixo a dica de você conhecer o livro dele, Change By Design. Um clássico.
— Daniel Wildt (assine o meu canal do youtube)