Falamos muito sobre posse, propriedade. Queremos ter coisas. Ah, eu tenho isso. Tenho aquilo.
Exemplo, uma bicicleta. Eu não tenho uma bicicleta, mas usando um serviço chamado Bike Poa, consigo usar bicicletas através de estações espalhadas pela cidade de Porto Alegre. Quer dizer, eu posso ter posse de uma bicicleta, mas dependendo da quantidade de uso que faço da mesma, posso optar por somente usar o Bike Poa e ter acesso a uma bicicleta. Não mais propriedade.
O exemplo mais clássico é de quem tem uma furadeira em casa, e da quantidade de uso que se faz dela.
Murilo Gun, que é um comediante brasileiro, fez uma palestra em um TEDx em 2013 e falou sobre “Life as a Service”, ou no caso, a vida como um serviço. O termo “as a service” ficou famoso no mundo de software. Hoje em dia quem deseja adquirir um software para trabalhar, acaba saindo do modelo de comprar a caixa do software nas lojas e compra uma assinatura, passando a ter acesso ao software em questão, enquanto seguir pagando pelo serviço. Sempre vai ter o software mais atualizado. O mesmo vai acontecer com quem migrou de serviços de locação de DVDs e passa a usar serviços como Netflix.
Na palestra o Murilo vai além, comentando sobre o fato da gente buscar o benefício e não o produto em si. Queremos água filtrada e gelada e não um filtro de água. Ele até comenta sobre o serviço da Brastemp, onde podemos ter acesso a filtros de água. Podemos ir além e pensar em brinquedos de criança. Muitas pessoas acabam fazendo uso de brechós para “trocar” roupas e brinquedos. Um serviço pensou diferente e trabalha o aluguel de brinquedos que podem se renovar conforme a idade e interesse da criança.
O mundo está se movendo cada vez mais para um modelo de acesso. Hoje uma das minhas empresas vende um software como serviço, para ajudar empresas nos seus desafios de mobilidade corporativa. Isto por si só já tem sido um desafio para o mercado brasileiro. As empresas estão aprendendo como funciona este processo e pouco a pouco estão aceitando deixar de ter posse dos softwares e passam a usar serviços que estão disponíveis na rede. Hoje em dia até o Office da Microsoft está em um modelo de acesso! (Nota que aqui estou falando de serviços que tem algum tipo de cobrança. Não estou aqui falando de softwares gratuitos ou ainda soluções de Software Livre (OpenSource), simplesmente pelo foco do post. Posso falar deles em outra oportunidade ok? Segue no fluxo.)
O Murilo faz um desafio para que os participantes pensem em novos serviços e que se pense em modelos de negócio pensando o conceito de acesso e não de propriedade. Então eu vou deixar duas dicas e uma provocação, para quem quiser seguir neste pensamento:
Dica 1: Assiste o meu vídeo no Youtube sobre Business Model Canvas (BMC), que mostra uma forma legal de você pensar em um modelo de negócio, com todas variáveis que são importantes: público alvo, canais de divulgação, relacionamento, valor a ser gerado, custos, faturamento, atividades, recursos e parcerias. Mais recentemente, fiz um outro vídeo falando mais sobre faturamento e custos.
Dica 2 (update 8/abril/2018): Olha por exemplo o projeto Tem Açúcar, que permite que as pessoas tenham acesso a produtos e possam compartilhar o uso do mesmo. Veja um vídeo a respeito da solução.
— Daniel Wildt
Adorei o post e tb acredito nesta idéia mas… algumas coisas ainda necessitam pertencer a nós e aos outos nao sendo possivel somente o acesso a elas. Nem td funciona assim…