Deu o que era para dar?

Isso vale para projetos, muito, mas vale para pessoas também. Essa é uma conversa sobre desistir de coisas.

Imagina esse mini roteiro:

Cena 1 (Externa, chegando no Café)

NARRADOR: Sully vai se encontrar com John em um café. Eles tem o hábito de se encontrar 1 vez por ano para ver como estão as coisas e trocar ideia sobre a vida. Aproveitando o momento, Sully sabe que John é bastante amigo de Steven, e lembra de perguntar sobre um assunto, específico, parte delicado, por envolver valores monetários (FLASHBACK DA SITUAÇÃO), do tipo “individalista“. John se transforma (VOZ NARRADOR SE TRANSFORMA EM VOZ TIPO VÍDEOS INCRÍVEIS, DIZENDO NOSSA!) e quase termina o café naquele momento, indicando que não tinha interesse em falar sobre aquilo. Sully pede desculpas (DEPOIMENTO DE SULLY COM VOZ ESTILO VÍDEOS INCRÍVEIS NÃO ENTENDENDO JOHN) e escolhe um novo assunto para seguir o café, afinal aquele era um assunto entre vários e até com menos importância, afinal os dois se conheciam fazia mais de 20 anos. Passado o tempo do café, se despedem e John vai embora com votos de boas férias de Sully.

Cena 2 (Vida segue. Dias se passam… timelapse).

Cena 3 (Externa, aeroporto)

John se encontra com Steven, e embarcam para uma viagem. Fazem fotos e postam nas redes sociais. (MÚSICA ACELERADA + Timelapse da viagem)

Cena 4 (Tela rede social, reflexo de Sully na tela)

Sully vendo a postagem, reflete sobre o encontro com John (FLASHBACK CENA 1 — MÚSICA DE PADRÕES FECHANDO).

— Uma história sobre nada, por Daniel Wildt

Só que ao ver e ler estas cenas, eu entendi que tinha duas possibilidades de entendimento, para uma próxima cena:

  1. Voltar a falar com a pessoa e tentar entender qual foi a motivação dela em não querer falar sobre o assunto, afinal dias depois elas estavam juntas e era improvável que o assunto em questão não estava presente ali.
  2. Era o momento de eu me desconectar destas pessoas.

Apesar da opção 1 ser a mais comum de assistir em séries e filmes… eu optei pela opção 2. Fim do filme. E por isso não sou roteirista (risos)… seria por isso que gosto de escrever poemas? Vai saber.

Um fato é que eu estava me preocupando com algo que não deveria me preocupar, que não tinha controle… e era visível que outras pessoas estavam tomando conta do mesmo assunto, do jeito delas.

Outro fato é que eu sempre tive muita dificuldade de desistir de desafios, o que me causa sofrimento em uma série de aspectos. Quero que as coisas dêem certo. Desenvolvi minha capacidade de resolver problemas e situações e saber viver em pressão… logo, quero usar isso a favor de tudo possível. Só que nem todo desafio precisa da minha atenção e intensidade. Preciso aprender a soltar. O famoso “let it go” da Frozen ou o “let it flow” de Jim Carrey no discurso do MTV Movie awards 1999.

Ao longo da vida venho aprendendo a fazer isso de formas mais racionais, tipo lista de prós e contras. Mais recentemente adicionando sentimentos que são impactados e outras pessoas que são impactadas com os prós e contras. Isso tem ajudado bastante em reflexões.

Normalmente os desafios possuem pessoas conectadas, e neste sentido eu deveria ser capaz de me desconectar de pessoas também. Pode ser desconexão por assunto ou por completo.

Nos dias atuais… se desconectar em parte pode ser colocar a pessoa em mudo nas redes e se desconectar por completo pode ser o deixar de seguir e apagar contato. Algo assim?

Eu venho aprendendo que me afasto de pessoas que não se conectam mais com meus princípios, pelos caminhos que acredito que se formam amizades ou projetos e pelos meus limites. Quando isso é afetado, vem alguma necessidade de reflexão e possível afastamento.

Tem também, claro, relação com o modo eu-tu e eu-isso. Diria que em casos, onde eu achava que tinha uma relação eu-tu e percebo que na verdade era uma relação eu-isso, pode ser mais complicado ainda.

Em situações assim me pergunto: Qual meu posicionamento? Qual meu limite? Não é questão de espaço para discordar. Nem paciência.

Quanto custa o seu não posicionamento? Deu o que era para dar?

— Daniel Wildt

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