Cinco. E não falo da infinidade de fonemas que podemos criar e barulhos que podemos fazer… poucas vogais que se transformam em muita vida.

Base para nossa comunicação, vogais conversam com outras letras e formam entendimento. E transformam nossa existência.

Que a gente possa ser resistência em muita coisa, mas não na arte. Que a gente possa sentir e experimentar. Perceber conceitos e essências.

Fato é que tenho investido um bom tempo ouvindo músicas, ouvindo arte. Me conectando com a essência de um artista que torna possível um caminho de sentir. Que interpreta. Que por vezes transforma e posiciona algo como se fosse seu, sem perder o respeito e a homenagem a quem originou a arte.

Estou fazendo isso da mesma forma que faço com algum tipo de conhecimento que eu esteja estudando. Escuto hoje, e procuro entender de onde veio. Qual foi a base e contexto.

Em 1982, Bebeto Alves estava no Teatro Leopoldina em Porto Alegre, durante os dias 30 e 31 de outubro. Lá ele grava Notícia Urgente. Ao vivo. Na primeira faixa do Lado A existia “A E I O U”.

Tenho estudado Bebeto Alves, talvez por ele não estar mais aqui, mas tenho tentado entender o que foi acontecendo em volta, na arte, na forma de expressão e nos “barulhos”, efeitos e conceitos que a música foi ganhando ao longo do tempo. Essa música tem 41 anos no momento que escrevo esse texto. Mais de quatro décadas. O tempo não para e não passa para a arte que faz sentir.

Conheci A E I O U, no sentido de parar para sentir, no show tributo ao Bebeto Alves que ocorreu em Porto Alegre, abril de 2023. Humberto Gessinger cantou, na ocasião. Me chamou tanta atenção a letra e os efeitos, que fiz até um stories pra documentar. Hoje fui nos arquivos do instagram para achar a postagem.

Antes desse feito, eu conheci um outro A E I O U, com um Y, quando paro para conhecer um pouco da história da Paraíba e chego em Jackson do Pandeiro.

As vogais aterrizam, excitam, importam, oportunizam e trazem a urgência necessária em uma comunicação.

E chegamos aqui.

Gessinger trouxe essa obra em um novo trabalho.
Com a guitarra de Marcelo Corsetti, que permite conectar tudo, e seguir meus estudos.

Ao passado, respeito. No presente, não silencia. E fica um pedido, apenas.

Acorde primeiro!

Depois escute esse som.
Preste atenção em tudo, mas especialmente nos efeitos da guitarra.
Pra onde você foi?

Eu fui longe, e depois voltei aqui para terminar esse texto.

— Daniel Wildt

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