Eu sou desorganizado em diversos aspectos, mas não é do nada.
Eu consigo ficar muitas horas estudando um determinado assunto. Eu consigo ficar perdido em um assunto “inútil” por muitas horas também. E eu consigo ficar muitas horas sem me alimentar. E ainda, consigo ficar muitas horas acordado.
É, eu sou um desastre programado. 😀
Isso causou uma série de oportunidades e uma série de problemas na minha vida.
E ainda causa. 🙂
A maneira como eu lido com estes assuntos vão por alguns caminhos:
- Sempre correndo para não chegar atrasado em compromissos, por sair sempre depois do último momento responsável, ou acreditando que o trânsito seria sempre perfeito. Ainda considero que este é um assunto em “progresso”. 😛
E nem tem a ver com acordar cedo ou dormir o suficiente. - Quando precisava entrar em imersões de estudo, estas características me ajudaram muito. Claro, em assuntos do meu real interesse. Eu consigo passar boas horas praticando algum assunto ou tentando resolver um determinado problema. Quando não é do interesse, eu ficava perdido em diversos outros assuntos menos o que era necessário focar.
- Por conseguir dormir pouco e conseguir focar muito tempo, eu passei um bom tempo da minha vida trabalhando / estudando entre 16 e 18 horas por dia. E dormindo entre 2 e 4 horas por dia. Meu recorde, e não me orgulho dele, foi dormir 8 horas em uma semana. 😦
- Eu sempre odiei a escola, e décadas depois percebi o tipo de problema que tinha ainda presente. O basquete me salvou no final do processo do ensino médio. A programação me salvou durante o processo da faculdade.
Esta estrutura de trabalho contínuo me ajudou a acelerar a tal das 10 mil horas em alguns anos. E também em acelerar algumas doenças, que outras pessoas da minha família ativaram depois dos 50 anos, quando tinha menos de 30. Saúde física também foi prejudicada neste período pelo grande foco que coloquei no meu lado profissional. Aos 27 anos fiz uma escolha e mudei para uma série de coisas e entre elas saiu anos depois o projeto #VivaSeuTempo.
Quanto a escola, décadas depois vivenciei os mesmos tipos de problema que passei na escola, através de outras histórias. Isso me fez iniciar um projeto para desafiar e aprender mais sobre este lugar e sobre opções.
Passei um bom tempo, dos 27 aos 34, operando em cima de listas, classificações, metas insistentes e frequentes, sem organizar as motivações e pensando muito mais em me manter em movimento. Parar não era uma opção. Aos 34 anos fui obrigado a aprender sobre o silêncio. Sobre ausência. Sobre falta. E escolhi “viver esse sofrimento”, que foi importante. Aprendo sobre solidão e solitude desde então.
Eu brinco que em vários aspectos eu preciso entender sobre meus temos. Hoje aos 43 anos, na escrita deste texto, tenho 27 anos vivendo de uma maneira frenética e sem limites com relação ao meu cuidado, contra 16 buscando uma vida diferente. Com relação a solitude, foram 34 anos fugindo da solidão, e somente 9 anos aprendendo a conviver com ela. Então eu sigo e sempre seguirei no modo aprendiz.
Dos 27 anos até hoje eu passei a criar uma série de limites para garantir que eu tenho cuidado sobre a minha pessoa e sobre as pessoas que quero cuidar. Estes limites foram aparecendo através de técnicas e travas. Vou dar exemplos aqui:
- Marcar atividades esportivas com outras pessoas no final do dia. Buscar filhos na escola. O trabalho era obrigado a ser parado.
- Iniciar o dia com atividades físicas, para aprender a sair de casa cedo. Sempre foi uma grande dificuldade e retomava o problema dos atrasos lá.
- Para aprender a quebrar o dia, testei praticar esportes durante o horário comercial, para testar a habilidade de cuidar de agenda e criar blocos de trabalho.
- Não olhar para redes sociais antes de uma determinada hora da manhã. Focar em atividades internas. Trabalhar os pensamentos que estiverem “rodando” pela cabeça.
- Almoçar todos os dias. Não no local de trabalho. Ir para a rua. Criar distância. Ter um tempo para não fazer nada por alguns minutos.
- Dormir as horas que preciso dormir. Isso envolve por exemplo não assistir o All Star Weekend da NBA por querer acordar cedo no outro dia. E só para deixar claro… tudo é negociável. No caso do Superbowl, eu escolhi pedir para as pessoas que tinha reunião na segunda-feira para remarcar as mesmas.
- Trabalhar no conceito do pelo menos, para poder operar o dia e manter algumas práticas mínimas diárias.
Venho descobrindo sobre uso de disciplina para criar liberdade.
E sem pirar muito sobre a rotina matinal perfeita.
E por aí, quais são os seus limites?
— Daniel Wildt
Você pode apoiar minha jornada de conteúdo através do projeto A Filosofia da Tranquilidade! Perguntas e reflexões para trilharmos nossos caminhos, com tranquilidade!
A solidão /solitude é necessária, e muitas vezes não escolhemos ela, somos obrigadas a abraçá-la e trazer ela pra dentro de casa. Para mim sempre foi algo difícil, mas hoje, estar só é uma preciosidade. Solidão é autonomia e pereber isso é o que faz toda a diferença. Excelente reflexão, Dani!