Se não está na lista, não é necessário. E aí alguém vai dizer que prefere ir navegando pelas gôndolas do mercado, revisando na memória itens que podem ser necessários comprar. E assim sempre se gasta mais do que realmente é preciso.

Gosto de metáforas de dia a dia para dizer que o mesmo acontece quando estamos gerenciando um produto de software. Você não precisa ter na mente todos os itens importantes a serem consumidos. Você pode organizar isso em uma lista, o tal roadmap quando olhamos objetivos conectados ao negócio. E também podemos chamar de backlog, termo que ficou padronizado para indicar o que precisa ser feito para gerar o valor que o produto espera gerar.

Nem tudo o que está no backlog vai ser feito, mas o que está no topo está priorizado, e isso que importa. Assim como listas de supermercado, podemos revisar e entender itens que não são mais necessários na próxima compra (entrega).

Organizar com consciência o que precisa ser adquirido é uma oportunidade de comprar menos. Por consequência, vamos demorar menos tempo, e teremos mais tempo consciente escolhendo o que queremos comprar.

Ter consciência das necessidades ajuda a entender o que precisamos aprender ou o que precisamos comprar em conjunto. Parecido quando vamos cozinhar determinada receita, você já sabe que precisa comprar um conjunto de itens, quase que como um lote, para poder cozinhar e realizar a tal receita.

Definitivamente, nossa cabeça não serve para decorar lista de supermercado. Você pode e deve ter um local para armazenar o que for necessário comprar e ter estruturas de reabastecimento organizada para saber a hora de adicionar itens.

Sendo a lista compartilhada, pessoas podem revisar, podem trazer ideias e sugestões. A lista também tem um ponto de comprometimento, que normalmente é até a hora de sair para o mercado. A partir dali, o que está na lista vai ser cuidado. Em algumas situações a conexão com internet dentro do mercado é ruim, então melhor não contar que a pessoa vai conseguir ver sua atualização, feita 5 minutos depois que ela iniciou as compras. Não é a pessoa que não viu… você que não se planejou para atualizar com as suas necessidades.

O reabastecimento não é a única coisa que nos preocupamos quando pensamos sistemicamente. O consumo também é um processo a ser organizado. Produtos tem data de validade. Alguns podem durar 1 ano, outros podem durar dias e alguns semanas. Alguns podem ser congelados, outros não podem. Os que duram mais tempo, podemos aproveitar alguma promoção para garantir que teremos o suficiente em casa, sem medo de perder o tempo de consumo.

O mesmo acontece com projetos. Alguns itens precisam de atenção e cuidado com prazos, por demandas de governança dos clientes ou mudanças de lei. Outros podem ser vividos conforme oportunidades e aprendizados. Outros até precisamos criar estratégias para revisar e decidir se eles seguem ou se devem ser excluídos do controle.

Diariamente somos jogados para viver sistemas que operam baseados em estruturas de reabastecimento. Essa estrutura de reabastecer nos permite criar uma base de sustentabilidade. E assim entendemos como manter o sistema operante, garantindo entrada do que é preciso para um determinado trabalho ser feito, assim como a vazão de saída que gera a cadência que clientes esperam em um fluxo de valor.

— Daniel Wildt

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