VUCA, BANI, LAMO, e aí? F*deu.

Quando vi o termo VUCA pela primeira vez achei genial. Depois quando percebi que o uso vinha de um pensamento bélico, já me fez deixar de utilizar a sigla como metáfora para algo. Só que aparecem outras histórias como BANI e LAMO. A gente curte uma sigla hein?

Estes tempos eu comecei a pensar em palavras que conectavam com o modo como eu vivo, e tentando sair do lance do VUCA. Quando fui olhar para isso descobri outras como BANI e LAMO. Vou focar nestas neste texto aqui. Não vou misturar com JOMO/FOMO/YOLO.

Antes vou situar estas siglas: 

VUCA, a que apareceu primeiro?
Volatile (Volatilidade)
Uncertain (Incerteza)
Complex (Complexidade)
Ambiguous (Ambiguidade)

BANI, disseram que o mundo é assim agora.
Brittle (Quebradiço)
Anxious (Ansiedade)
Non-linear (Não linear)
Incomprehensible (Incompreensível)

LAMO, o modo como muitas pessoas querem acreditar que o mundo é.
Linear (Linear)
Anthropocentric (Humano no centro)
Mechanistic (Mecanicista)
Ordered (Ordenado)

Não importa o tempo, seguimos com os mesmos problemas. Disse isso quando li Seneca pela primeira vez. Lá não tinha computador e nem tinha ICQ, mas os problemas de falta de tempo e de comunicação todos estavam descritos em escritos do Seneca. Parece que a gente não aprende.

E ai? Quais são os problemas que vão seguir? E o que podemos fazer para apoiar nisso? Aqui está meu conjunto de palavras para este momento e as que sempre me lembro quando estou refletindo sobre projetos e avanços:

AIF*DEU

  • Ansiedade: precisamos reduzir, fazer menos. Precisamos poder baixar as nossas expectativas e parar de viver uma vida que aceitamos, projetada por pessoas e “mercados”.
  • Incerteza: é a vida, e precisamos saber viver com experimentos e aprendizado.
  • Fragilidade: precisamos aceitar e entender a nossa vulnerabilidade. Isso vai nos ajudar a sermos mais fortes.
  • Utopias: precisamos viver algumas, mas através da prática. De viver em direção a estas possibilidades através do fazer. Eu faço isso através dos meus projetos paralelos, explorando assuntos como esporte, educação e tecnologia.
  • Divergências: a possibilidade de desenvolvermos nossa capacidade de escuta e nosso espaço interno para conversar e tratar do que acontece no dia a dia. Menos dinâmicas, menos jogos paralelos, mais estômago e espaço interno para conversar e organizar o que precisa ser organizado.
  • Egoísmo: não existe mais espaço para você pensar somente no seu processo. Você precisa olhar para a sua comunidade e ver como pode apoiar. Precisa olhar para as outras pessoas. Digo que em um avisão despressurizado a gente não coloca uma máscara de oxigênio primeiro na gente para se proteger, mas para poder ajudar outras pessoas. Essa até vale para a máscara no contexto da pandemia. As pessoas que não aceitam o seu uso estão trazendo o que pensam sobre as outras pessoas mais do que sobre elas.
  • Urgências: qual? Qual assunto realmente é urgente? Olhe para o que você fez no seu dia. A cada reflexão descobrimos que assuntos indicados como urgente em um primeiro momento passam a ser categorizados como algo sem valor. E nessa reflexão, um dia, talvez no dia da morte, apareçam os arrependimentos. E a certeza que quase nada era urgente.

Poderia ser uma nova sigla? Poderia, mas lembra sempre de revisar as palavras antes de criar siglas… por vezes pode dar ruim quando se junta todas letras. 😛

E aí?

A gente precisa conseguir fazer menos, saber que não conseguimos ser alegre o tempo inteiro, que não é um problema a gente não conseguir dar conta de tudo, que a gente pode acreditar em algo que ainda não existe e podemos com consciência caminhar em direção para o que acreditamos. Que a gente precisa conseguir viver sem precisar de consenso, que precisamos olhar para uma vida em comunidade e buscar uma vida mais tranquila. Urgente mesmo é viver e encontrar o nosso mínimo. E claro, que a gente pode ser responsável pela nossa vida.

No fim de tudo, o lance é a gente lembrar que tudo é um sistema. Que em cada ponto do sistema temos estoques e que em cada conexão de dois pontos deste sistema existe o envio e/ou recepção de feedbacks, que podem ser positivos ou negativos. Uau!

Se você olhar para sua pia da cozinha, para o local onde você deixa a louça secando, o lixo da cozinha e o seu consumo de comida, você vai entender e buscar formas de deixar seu sistema sustentável sobre as decisões de quando lavar e secar louça, quando guardar louça e quando tirar o lixo. 😀

Tudo é um sistema.

— Daniel Wildt

Extras:

  • Conversa sobre WIP e um pouco deste pensar de sistemas (youtube)
  • Thinking in Systems. Livro Donella Meadows (ebook)
  • System Thinking em sete imagens (post)
  • BANI x VUCA (post)

8 pensamentos sobre “VUCA, BANI, LAMO, e aí? F*deu.

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