A gente fala muito em busca de autonomia, mas será que a gente está sendo intencional neste processo? Fico pensando em como estamos apoiando pessoas neste entendimento e no caminho de aprendizado.
Vou comentar sobre duas abordagens aqui que considero úteis para mapear este entendimento e que pode apoiar no desenvolvimento de pessoas.
RACI é uma matriz que pode indicar quem é responsável, quem deve ser consultado sobre um assunto e quem precisa receber informação a respeito. Essa matriz ajuda por exemplo no entendimento de pessoas que querem se tornar consultadas sobre algo e também pessoas que querem assumir responsabilidade sobre algum assunto.
Tenho não diferenciado mais R do A, pensando em responsável e pessoa responsabilizada (accountable) mas isso porque nos ambientes que estou busco o entendimento de que existe alguém responsável e isso é suficiente para garantir que o trabalho vai acontecer. Aqui trato a responsabilização muito mais como um pensamento de apontamento de culpa do que pensamento de ser responsável sobre algo mesmo. Falei sobre RACI em um material específico que tenho sobre isso e também em um material que explico como tenho escrito mais para documentar os projetos e aprendizados nos projetos.
O legal do RACI é que eu posso querer me tornar responsável por algum assunto ou quero virar referência. E algum assunto que eu quero deixar de cuidar pode ter o caminho inverso, onde eu deixo de ser responsável e passo a ser consultado. E depois de algum momento pode acontecer de eu ser apenas informado ou nem isso.
Delegation Board é uma excelente oportunidade para usar em desenvolvimento pessoal também. Jurgen Appelo trata como uma das ferramentas no Management 3.0. Gosto de olhar para a estrutura imaginando um limite de onde queremos chegar quando o assunto é delegar.
Tenho assuntos que não quero ter autonomia completa, mas daqui a pouco quero poder direcionar melhor a decisão do que simplesmente aguardar alguém me dizer o que preciso fazer. Então posso trabalhar para entrar em um movimento de acordo ou aconselhamento com alguma pessoa, mas não quero ficar sozinho.
Tem outros assuntos que estou treinando alguém para poder me tornar inútil. Meu interesse é que a pessoa saiba fazer o que eu sei e ir além. Que a pessoa consiga colocar o jeito dela de fazer algo, depois que ela conseguir entender o que eu já fazia e depois evoluir. Neste caso vou passar por todos os movimentos, primeiro ensinando a pessoa a fazer como eu faço, depois consultando a pessoa para poder começar a trazer a identidade dela para o fazer, depois entrando em acordo, depois mudando o funcionamento para atuar como conselheiro e depois finalmente me colocando longe do assunto e deixando que ele se torne rotina da pessoa ou das pessoas que assumiram o trabalho.
Isso também pode servir para trabalhos que você realiza hoje e quer deixar de fazer ou quer passar para outras pessoas realizarem por você.
Tudo depende de contexto e acontece conforme o acordo que você organiza com cada pessoa.
O principal é você entender que assuntos você quer fazer e quais deseja colaborar. Isso pode servir como um ponto de apoio para decidir e organizar este plano de delegação.
— Daniel Wildt
3 pensamentos sobre “Tabelas de Delegação e matriz RACI, vale usar? ”