Construindo sua base emocional

Ao longo da vida eu fui condicionado para não sentir as porradas que poderia levar. Seja forte. Siga em frente. Não olhe pra baixo, não olhe para trás! No retreat, no surrender!!

Isso me ajudou muito, em todas frustrações que eu sofri. Nenhuma me travou. Nunca. Todas me mostravam um caminho, um próximo passo. A cada nova frustração, um novo aprendizado e a vontade de seguir em frente. A incerteza me chama atenção, meus medos me ativam. Fico no pensamento de mitigar e minimizar possibilidades de falha ao mesmo tempo que quero criar oportunidades de aprendizado e de sequência. Quero fazer, e construir. Olhando sempre pra frente.

Isso pode parecer legal e super inspirador, mas isso me impediu de sentir o que eu estava vivendo. De várias formas.

Em 2007 iniciei meu contato com a programação neurolinguística, que começou a me ajudar a entender essa “fortaleza” e me ajudou a me remodelar, a entender mais dos meus padrões e minha estrutura de funcionamento. Esse aprendizado não vai terminar nunca.

O estoicismo também me ajudou a lembrar de duas coisas:

  1. O que acontece, é só o que acontece.
  2. Eu não controlo o que acontece comigo. Eu controlo o que eu faço com o que acontece comigo.

Do estoicismo eu aprendi mais sobre journaling, e todos os dias eu faço uma reflexão, de 3 realizações e 3 pontos de atenção. Entendo como posso fazer meu próximo dia ser melhor, ao mesmo tempo que agradeço as realizações do dia.

Eu sempre escutei mais do que falei. Pra quem me conhece palestrando por tudo, não conhece o Daniel silencioso e quieto. E quem é mais próximo de mim, provavelmente me viu uma ou duas vezes irritado de verdade.

Nas internas, no convívio familiar, talvez o jeito rabugento e raivoso seja o mais comum de me perceber. Quando estou sozinho aqui escrevendo e refletindo me sinto presente e vivendo o meu melhor, mas eu considero que a raiva seja a minha emoção base. Pode parecer estranho, mas é algo que me mobiliza e me faz refletir desde o que estou sentindo, se quero sentir o que estou sentindo, porque estou sentindo e o que posso fazer para me sentir mais calmo, se é que eu quero me sentir mais calmo sobre determinado assunto.

Tranquilidade e calma é como entendo que posso viver. E é como eu quero viver. Nisso a PNL, o Estoicismo e a Vulnerabilidade me constroem e me ajudam diariamente.

A minha luta é para conseguir conviver com a minha raiva, mas não quero deixar de sentir. Nela existem frustrações que eu fui silenciando ao longo da vida. E eu preciso fazer as pazes com todas elas. Eu preciso saber conviver com a frustração não silenciando e acionando opções e saídas, mas aprendendo mais profundamente.

Eu não tinha suporte emocional nenhum, e a minha estratégia me ajudou a viver e seguir em frente. Ao longo da vida fui aprendendo que poderia sentir. Conheci a poesia. Tinha algo ali. Mais recentemente venho aprendendo a falar sobre coração, palavra que era interrompida como algo que era menor ou sem valor pro fazer e o seguir em frente.

Se você já viu aquele filme Divertidamente, vai lembrar de 5 emoções: felicidade, tristeza, medo, nojo e raiva. Teria mais uma emoção base, que é a surpresa. Com estas 6 emoções a gente consegue viver de um tudo na nossa vida.

A felicidade está em coisas pequenas que vivo no meu dia a dia. O primeiro sorriso da manhã do meu filho é como hoje vivo a felicidade.

A tristeza toda vez que olho para a TV e vejo a nossa falta de cuidado com a outra pessoa. Com a galera não entendendo que liberdade é você saber cuidar de você e do outro, para que a gente possa ser realmente livre.

O medo que aparece em tudo o que vou fazer, mas não me trava, me tornando mais presente. O medo de colocar um projeto novo no ar, o medo de publicar um texto com a palavra coração (esse). O medo de escrever uma poesia.

O nojo, pode ser de barata mesmo? Deixa assim para exemplificar.

A surpresa, toda vez que recebo uma mensagem ou um agradecimento que não era esperado, que vem de forma expontânea. Toda vez que recebo um carinho dos meus filhos.

A raiva é o que seguirei aprendendo. É o meu contínuo aprendizado, criando mais sabedoria, mais coragem, mais senso de justiça para poder compreender a temperança. A temperança não pode ser confundida com o não sentir. A vulnerabilidade, conceito que venho aprendendo faz alguns anos me ajuda a estabelecer meus limites e me respeitar cada vez mais.

Hoje em dia eu me seguro para não segurar os sentimentos de quem está próximo a mim. É o maior desafio que vivo. Que eu possa ajudar pessoas a construírem sua base emocional melhor e mais abertamente do que eu tive a chance de fazer até hoje.

Que a gente possa organizar e construir ambientes seguros para a escuta e a troca. E que não silenciem o que se sente. Nem o que se percebe. E que a a gente possa construir mais confiança e presença. E cuidado. E atenção.

Parece simples, mas é um trabalho pra vida toda. E eu aceito viver para isso. É propósito? Não sei, mas vai ser de propósito.

— Daniel Wildt

Você pode apoiar a minha jornada de conteúdo através do projeto A Filosofia da Tranquilidade! Venha conhecer mais a minha iniciativa!

4 pensamentos sobre “Construindo sua base emocional

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