O silêncio e meu crescimento

Sempre fui tido como deslocado e longe, pelo meu silêncio. 
Eu sempre preferi observar ao falar. Sempre era o que não falava, o quieto, e sigo assim na maioria dos meus círculos. 

Inclusive criei uma crença de que não queria compartilhar nada em aulas, palestras, nem em textos… isso já um Daniel com 20 anos de idade após encerrar a faculdade. Um Daniel com medo do que passou na apresentação do trabalho de conclusão. Eu estava falando e ouvia a minha voz, estava com uma sensação de retorno com delay. Me sentia vermelho, nervoso, boca seca. Medo. Logo, por ser uma sensação ruim, quem vai querer experimentar novamente? 

Fora o medo deste episódio aos 20 anos, eu sempre precisei rodar dentro das estatísticas. Nunca fui o aluno que ficava amigo das pessoas que me deram aula. Era o mais silencioso que poderia ser. Medo também. Medo de me expor. Não que eu tivesse muita escolha. Aos 10 anos de idade eu já tinha 1m80cm de altura. Só iria tocar em uma bola de basquete de forma consciente 5 anos depois. 

Digo consciente pois me lembrei de uma competição do colégio que nos chamaram para jogar basquete contra outra escola, eu com 12 anos. Eu lembro que fiz uma cesta correndo em um contra ataque, com medo. O mesmo medo da cesta que fiz no jogo de abertura da exibição do Harlem Globetrotters em Porto Alegre, em 2008, já com 29 anos. Queria saltar, mas estava com a mesma sensação do delay. 

Como que eu resolvo esse delay interno? O medo deveria nos trazer atenção, não nos travar. Eu estava travando em diversas situações. E não era a preguiça. Caso fosse, eu nem estaria na situação. Agora que estava, queria viver e aproveitar ao máximo.  

Depois de mais alguns episódios eu comecei a entender que meu estado interno era meu estado interno, e que nada teria capacidade de mudar como eu estava me sentindo. A não ser eu mesmo. Eu já tinha lido Seneca uma vez, mas o impacto foi pequeno. Tinha lido também sobre resiliência, mas não era aquilo que queria. A palavra que sempre fez sentido para mim foi “resistência” ou o “endurance” em inglês. Por causa do Viva Seu Tempo em 2010 fui ler novamente algumas coisas e “Sobre a Brevidade da Vida” foi uma destas leituras que me jogaram no chão. É um dos livros que leio de tempos em tempos.  

Eu acredito nisso: 


“O silêncio é poderoso, como o poder do olhar, e do estar.”

— Daniel Wildt


Os jogos de videogame, as longas horas jogando jogos até terminar, e depois mais tarde através da programação, tudo me permitia trabalhar meu silêncio. 

Ainda assim, eu fui descobrir de 2013 para 2014 o quanto não estava preparado para a solidão. Até poderia lidar com o silêncio, mas comecei a entender que não sabia ficar sozinho. Esse tem sido um assunto / busca desde então, criando momentos que consigo estar comigo, e com o meu básico: escrever, ler e treinar. 

Quanto do silêncio você consegue aproveitar? Quanto você consegue estar só com você?

— Daniel Wildt

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