Compartimentos

Uma das maiores mentiras que a gente conta pra gente mesmo. De que a gente consegue deixar a vida do lado de fora do trabalho e assim para todas outras partes que temos da nossa existência.

A questão de dividir trabalho da vida pessoal é tão mais próxima de uma distopia, que virou até Série de TV.

O nosso tempo é um só. O nosso sentimento transborda para tudo o que fazemos. Dependendo das doenças psicológicas que estão presentes em nós, talvez seja possível criar essa divisão, mas provavelmente quando isso acontece também indica uma certa indiferença com o que acontece do outro lado, seja qual for.

Eu por tempos usava essa assimetria de lado feliz e lado triste para criar situações de foco no outro lado. Dia ruim em casa, vamos trabalhar e criar projetos e eventos e coisas que me dêem algum tipo de validação. Uma felicidade artificial e uma forma de fugir do que está acontecendo no mundo real.

Insegurança e medo são sentimentos mais comuns nestes processos do que parece. E eu não enxergava eles assim. Via como eu me colocando para fazer algo e de certo modo “esquecendo” algo que não estava legal. Deixa para depois de amanhã olhar para isso.

Domingos pela noite em específico são dias que me lembram de que deveria ser algo normal ser feliz ou ter momentos de felicidade e calma. De não viver sempre achando que tem uma granada para ser desarmada e uma bomba para evitar que exploda. Ou nos meus tempos atuais, uma cartolina para ser comprada.

Me acostumei mal. Aceitei certas condições de frustração que agora quando não acontecem, me geram uma mistura de desconforto e desconfiança. Como se eu não estivesse vendo algo no processo.

A sensação de ter sucesso e felicidade em compartimentos da vida é um acordo cruel que se aceita fazer. Ou nem se percebe.

Meu destino é poder transformar sensações de distopia em uma utopia, transformando um senso de opressão por um senso de busca de tranquilidade. Agora é viver essa jornada, cuidando do que faço e do que sinto. Na linha do fazer DE propósito.

— Daniel Wildt

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