Narrativas

Eu particularmente não tenho interesse em discutir ideias se o objetivo é ter uma decisão baseada em retórica. Minha linha de raciocínio precisa de dados e racionalidade. Precisa de análises e testes.

E também não quero ficar inventando textos bonitos para dizer que eu fiz algo. Exemplo, eu não fiz um curso e passei na prova final. Não pode ser assim. Precisa ser algo intenso. Tipo. “Passei por uma grande jornada, desafiadora, que me testou diariamente, mas apesar disso, mantive o foco e segui em frente, até a vitória. E agora sou um profissional qualificado, mais excelente ainda do que já era.”

Estranho isso, mas estamos em um momento de mundo que parece nos “exigir” que a gente fique contando histórias ao invés de simplesmente fazer o que temos que fazer. Precisamos engajar, me falaram.

Validar hipóteses é um movimento onde você atua para validar se uma ideia pode ou não fazer sentido. Para tanto se faz testes entendendo orçamento e restrições disponíveis, entre outras variáveis.

O problema é que no mundo atual, algumas pessoas participam de entrevistas e debates procurando criar a sua narrativa. Se narrativa ganha, não precisa de teste algum. A realidade é um detalhe. Na PNL qualquer coisa que fale do mapa e não do território, é uma alucinação. Pessoas querem responder perguntas e operam em zero modo de escuta (elas não escutam nem o que falam). Estão trabalhando apenas no seu processo e no seu ganho próprio. Estas pessoas querem poder fazer seus próprios cortes, olhando o mundo dos podcasts atuais.

Não me entenda mal. Não é sempre que a gente fica querendo falar das nossas falhas e sobre vulnerabilidade. Queremos mostrar nossos acertos. Quando falamos sobre erros e falhas, até isso tem um motivo, que é falar sobre a importância de testar, aprender, falhar e seguir em frente. Lembro que uma pessoa jogadora de basquete dita excelente arremessadora de três pontos, tem média de 40% de acerto deste tipo de arremesso. Isso é melhor do que falar que ela pode errar mais da metade dos arremessos.

No fim o que importa é a narrativa? Ou é o fato do que aconteceu e uma certa vontade das pessoas entenderem que o que acontece é o que acontece?

O quanto que o tal do “storytelling“, a tal narrativa, o nosso contar histórias, nos faz querer ficar aumentando as histórias. Onde ficou aquele básico do “fizemos o que era esperado da gente“?

Ainda pensativo aqui. Não gostaria de ter um “brag document“, mas entendi que preciso ter algo para poder contar histórias. E engajar. Será?

— Daniel Wildt

P.S.: Elton Minetto fez um post sobre este tipo de documento.
Ainda pensando se preciso fazer isso.

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