Outro dia pensei que ser uma pessoa que expressa arte é um processo de construção, reconstrução, destruição, conhecimento, reconhecimento e desconhecimento. Arte é o que falamos, o que sentimos e o que vivemos. E como expressamos e contamos nossas histórias.
Impossível não pensar em atitude e sobre o fazer. Só que em algum momento aparecem dependências. Arte pode exigir permissão para se fazer? Precisa de algum reconhecimento efetivo? E quais desafios vai se encontrar no caminho?
Cada item de arte que se produz vai encontrar seu destino, e não é você quem define. Por vezes é uma pessoa para quem escrevemos, e por algum motivo outras pessoas se reconhecem e se percebem no que foi escrito. Eu, por exemplo, não escrevo para todo mundo. Eu sempre escrevo para uma pessoa. E por vezes escrevo para mim.
Lembro quando publiquei meus primeiros textos. Quando mandei textos para concursos literários, só para entender como era ser rejeitado. Lembro quando lia outras pessoas autoras para me inspirar. Quando fiz um texto 100% de dentro, que virou até lembrancinha de aniversário (escrito enquanto ouvia “at my most beautiful“. Essa lembrancinha cresce e vira capa de livro, que inclui o poema. Lembranças valem a vida. Somos lembranças.
Aí acontece de um dia eu entender que eu precisava me chamar de pessoa escritora. Em 2009 me perguntam se eu era. Disse que não. Não sabia dizer o motivo. Eu já entendia que viveria identidades, não carreiras. E também já percebia que meu jeito de produzir é não linear. Neste processo eu entendia que a minha arte não era a escrita, necessariamente. A escrita é uma das formas de expor quem sou neste momento. Comecei a entender melhor as habilidades que entendo que preciso fortalecer e quais eu deliberadamente escolherei ser ruim pro resto da minha vida.
Recomenda alguma coisa para vencer o medo da exposição? Me perguntaram isso. E quando se demorar muito para responder? Da exposição, faça mais do que te incomoda, se é de interesse perder o medo de fazer. Sobre o demorar para publicar ou se expor, sou exemplo do que não fazer. Estava vendo aqui sobre o projeto Aquele Princípio (final de 2021). Publiquei a versão zero do ebook não faz muito (Julho 2024). Não tinha prometido um ebook, mas sim um curso. Ele vai sair ainda, mas agora sai o ebook. Tenho certeza que tem erros, e ainda precisa de mais trabalho. Posso ter frustrado muita gente que apoiou o projeto no início. Retomo o projeto 2 anos depois de quando termina o financiamento coletivo. Agradeço paciência, me desculpo da demora. E sigo. É o que consigo fazer. Quem não se sentir presente neste meu processo, comprou o curso e não a minha expressão.
Ao final, saiba que quando você se mostra, do jeito que for, está mostrando a sua pele. Está mostrando tudo o que tem. São diferentes formas de mostrar quem somos. E demonstrar sentimento é o que considero mais genuíno de quem faz arte. A gente não quer se ver em parte. A pessoa artista tem que vir completa, com todas as suas dificuldades e virtudes. Saiba que quem apoiar, se junta ao seu processo e seu tempo. Quem apóia, não compra o livro atual ou o próximo. Quem apóia quer que você siga fazendo o que faz! E se quiser fazer diferente, faça! Estamos aqui por você.
— Daniel Wildt
P.S.: este texto não tem interesse algum em “te permitir” de fazer algo, nem ser nada conclusivo sobre o produzir e sobre o fazer. O amor pela arte começa em você e vai seguir em quem estiver contigo pro longo prazo. E neste caso, pode contar comigo.
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