Ancestralidade

Em um país como Brasil, normalmente as pessoas pensam de onde vieram suas famílias, que vieram de outros continentes. Eu tenho parte da família que veio de Portugal, Itália, Uruguai e Holanda.

O que isso significa? Fora privilégios, não deveria significar nada, dado que vivemos no Brasil, mas por algum motivo tudo vira estereótipo e rótulos.

No fim do dia, vivo em um país hoje resultado de invasão, colonização e guerras (nas últimas décadas guerras híbridas). Falando em guerras, essas pessoas da minha família que vieram da Itália, vieram fugindo de guerras.

Sempre pensei que nascendo no Brasil, precisava entender o que significava isso, a partir de onde vivo. E fora reconhecer todos os privilégios que já trago comigo desde que nasci.

Não sei dizer se a preocupação é de estar focado no onde estou ou simplesmente estou no foco da busca interna, vivendo projetos ao meu redor, no meu campo de prática.

Conhecer minha história ao redor do mundo não me chama tanta atenção. Aprecio e respeito muito quem vive ao redor do mundo ou descobre outras vidas e vivências nestas experiências. Gosto muito inclusive de entrevistar as pessoas querendo conhecer sobre estes movimentos (exemplo Lucas Montano, Andre Rubin e Roberta Arcoverde).

Se você vive no Brasil talvez já saiba que a população brasileira branca entre os censos de 2010 e 2022 deixou de ser majoritária. As pessoas vem ganhando consciência, reconhecendo sua ancestralidade, sua cor, ao tempo que estamos conversando mais conscientemente sobre racismo e sobre o ser antirracista. Inclusive reconhecendo melhor nossos privilégios e entendendo que não saímos do mesmo ponto de partida.

Quando eu penso em ancestralidade, eu penso em como chegamos até aqui. Pelos movimentos sociais, pelas oportunidades de diminuição da distância social, pela opressão, sobre o quanto somos manipulados e sem consciência de classe. Não conhecemos nem reconhecemos as dificuldades que muitas pessoas vivem no seu dia a dia.

Reconhecer a nossa ancestralidade deveria envolver pensar em como reconhecer os povos originários e em como podemos desenvolver uma sociedade menos desigual. Esse não é um problema somente do Brasil, mas aqui estou vivendo e aqui quero atuar neste problema.

Ao pensar em ancestralidade, penso em Chico Science e Monólogo Ao Pé Do Ouvido. Deixo aqui em uma versão de Marcelo D2 com Rodrigo Suricato na “slide guitar“.

— Daniel Wildt

P.S.: Guerra Híbrida é um conceito que vem de tempos, que se mostra conceitualmente em música, entrevistas e livros que tratam do assunto, reconhecendo como as “armas” e estratégias de guerra mudam ao longo do tempo.

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